Agenda Imagens do Povo

19 de jan. de 2010

Enrico e a benzadeira Elza

O autor

Lúcio Enrico se considera um desvio na turma que está se formando pela Escola de Fotógrafos Populares neste ano, no bom sentido. Enquanto a maioria procurava na EFP um lugar para aprender ou aprimorar suas técnicas fotográficas, Enrico chegava cheio de curiosidade para descobrir o que estava por trás do projeto. Seu interese maior era conviver com Ripper (fotógrafo idealizador do projeto Imagens do Povo e da EFP) e com as pessoas que mantém a Escola funcionando para, desta forma tentar entender como o olhar fotográfico é construído, que faz com que as lentes das câmeras apontem de maneira tão bela e solidária para as questões populares. Embora conhecesse o trabalho do Ripper há muito, só conseguiu retomar o antigo desejo ao conhecer Francisco Valdean (ex-aluno da escola e hoje colaborador do projeto), numa das palestras do projeto Marco Universal, realizada pelo SESC Tijuca, em 2008.Hoje com 30 anos e envolvido com movimentos de cultura popular desde a adolescência (já fez teatro e dança popular), Enrico encontrou na fotografia uma forma de registrar essas manifestações e de se aprofundar nas histórias que existem por trás das lentes.

O projeto

Pela Tua Palavra – Dona Elza, Médica de Deus.

"Como minha vida é voltada para o estudo e aprofundamento nos temas relacionados à cultura popular, sempre pensei em desenvolver meu projeto de conclusão de curso sobre alguma dessas manifestações. Porém, na época que comecei a pensar no tema que eu desenvolveria, haviam poucas festas acontecendo na cidade; ao perceber que isso poderia comprometer meus planos, optei por mudar o recorte sem mudar o tema. Decidi então documentar a atividade de rezadeiras e benzedeiras na Maré. Inicialmente, a ideia (megalomaníaca, eu sei) era mapear todas as rezadeiras e benzadeiras locais; mas pelo tempo disponível e pela dificuldade de se fazer essa pesquisa, fui aconselhado pelo Ripper a recortar objeto. Cheguei então, com a ajuda de alguns amigos da Escola, que me forneceram os contatos de algumas benzedeiras da Maré, a personagem principal do meu projeto: Dona Elza. Iniciei uma série de visitas à casa dela com o objetivo de registrar suas memórias e informações sobre seu ofício de maneira que estas facilitassem a apreensão dos símbolos e significados contidos no ato da benzedura, me tornando então quem sabe, talvez capaz de, como diria Bresson, alinhar os olhos, a cabeça e o coração, e produzir um registro capaz de contar uma bela história desses saberes e fazeres que vem de um tempo tão antigo e que se mantém ao mesmo tempo tão vivos em muitos lugares do país.O interessante é que durante o desenvolvimento deste projeto, também minhas lembranças foram tocadas. De repente toda a minha família se viu envolvida num processo de avivamento dessas memórias, já que eu, na minha infância, fui também bastante rezado.O mais gratificante pra mim foi perceber que através do meu encontro com Dona Elza, nós dois melhoramos como pessoas. Ela me disse que incorporou novas rezas, que foram por mim apresentadas, através dos livros resgatados pela minha mãe, e eu que me senti fechando um ciclo na Escola, percebendo que, além de ter conseguido "me virar" tecnicamente para produzir as imagens, pude também me aprofundar e (re)vivenciar as questões tão essencialmente humanas envolvidas no tema.Dona Elza, muito agradecido pela acolhida! À todos os amigos da Escola, valeu pela força!E especialmente ao Ripper, muito obrigado por ter possibilitado através da Escola nossa convivência. A Humanidade precisa cada vez mais de pessoas como você. Dedico a tí esse trabalho, ao Mestre, com carinho".
Veja a galeria de fotos do projeto do Enrico.

1 comentários:

Parabéns pelo trabalho, lindo, lindo, Enrico!
Amei!
Bjs,
Si




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