Agenda Imagens do Povo

9 de dez. de 2009

Joelma Capozzi e o Máfia 44

Entrevista por Alexandre Silva

O autor


Joelma Capozzi, 32 anos, é paulista da Zona Leste mas há dois anos foi morar em Alfenas, no interior de Minas, e durante esse ano, por conta do curso na Escola de Fotógrafos Populares, está morando na Maré. Foi nesse itinerário que Jô conheceu Ratão Diniz, fotógrafo e ex-aluno da EFP, com quem começou a namorar e quem cedeu a casa na comunidade para a companheira pudesse completar o curso. Foi Ratão, inclusive, que introduziu Joelma na fotografia e a apresentou à EFP, na qual começou a participar como ouvinte até que surgisse a oportunidade de cursar efetivamente a escola. Seus planos agora, com a conclusão do curso, é voltar pra Minas, buscar seus dois filhos, para então ficar definitivamente no Rio de Janeiro, onde acredita poder desenvolver e se aprimorar ainda mais na fotografia.


O projeto

Meu projeto se chama A arte do Máfia 44, e é sobre um grupo de grafiteiros composto por 6 meninos (Davi, Gut, Daniel, Bata, Mutante e Pacato) de Niterói e São Gonçalo.
Quando eu morava em São Paulo, eu enxergava o grafitte como vandalismo e tinha bastante preconceito em relação aos praticantes. Só que através do Ratão, que também desenvolve trabalhos com vários grafiteiros, conheci esse grupo de meninos e comecei a perceber o equívoco da minha opinião em relação ao grafitte. Decidi então documentar não só a atividade dos meninos, mas também o que cada um faz quando não está grafitando, suas famílias, suas vidas pessoais.
Desde que comecei a desenvolver esse projeto, criei um laço tão forte de amizade com os meninos, que sempre que vou fotografá-los, eles se preocupam com meu almoço, minha passagem, onde vou ficar. Em retribuição, em janeiro eles estarão visitando uma exposição de garfitte no MASP e aproveitando a oportunidade para conhecer o cenário artístico e cultural de São Paulo, então eu ofereci a casa da minha mãe como estadia durante o tempo que eles ficarem lá.
Este é um projeto que pretendo levar para além da Escola e continuar documentando esses meninos, divulgando a arte deles. Tenho até planos de iniciar meus filhos no grafitte.
Minha principal intenção com esse projeto é revelar para as pessoas - assim como foi revelado para mim - o lado humano desses grafiteiros, na tentativa de acabar com o preconceito existente a respeito dessa arte e seus praticantes.
Clique aqui e veja a galeria virtual com as fotos dos projetos dos alunos da EFP - turma 2009.

7 de dez. de 2009

Léo, Neném e os caçadores de pipas do Jacarezinho

Entrevista por Alexandre Silva
O autor

Leonardo Silva nasceu e se criou na comunidade do Jacarezinho, no Rio de Janeiro. Hoje, com 21 anos, Léo está se formando no curso da Escola de Fotógrafos Populares da Maré e participa do coletivo fotográfico Favela em Foco, formado por alunos da escola.
Além do talento fotográfico que desenvolveu na Escola, Léo gosta de escrever e criou um diário onde registra todo o desenvolvimento do projeto de conclusão de curso na Escola de Fotógrafos Populares.


Meu projeto:

O meu projeto se chama Neném e os caçadores de Pipa do Jacarezinho. A idéia é documentar o dia-a-dia do personagem Neném, que, assim como eu, também mora no Jacarezinho desde que nasceu, registrando sua paixão pela pipa, inserindo no contexto dos “soltadores” de pipa da comunidade em que moramos.
Desde a minha infância eu observava da laje da minha vó o Neném – que possui uma deficiência mental - praticando seu hobby e ficava curioso para entender a relação desse garoto com a pipa. Desta forma, o projeto foi quase um pretexto para que eu me aproximasse desse personagem tão interessante e pudesse me aprofundar mais na história de vida dele, da sua família, dos amigos. Por coincidência, neste ano de 2009, eu li meu primeiro livro: O caçador de Pipas, do escritor Khaled Hosseini, e isso aguçou ainda mais minha curiosidade sobre o tema e reforçou a vontade de levar o projeto adiante.
Percebi que minha relação com a fotografia é muito parecida com a que o jovem Neném tem para com suas pipas. Quero de manhã, quero de tarde, e porque não de noite. Eu sonho com fotos, com fotografia.
Eu pretendo mostrar com esse projeto como as pessoas podem superar suas dificuldades com a entrega a algo que lhes proporcionem prazer e mostrar a importância da cultura da pipa nas favelas aqui do Rio de Janeiro.
Esse é um projeto que eu pretendo não parar com a conclusão do curso, tenho vontade de continuar fotografando a temática das pipas nas comunidades e me aprofundar ainda mais na vida do Neném. Estou muito satisfeito com a relação que eu criei com seus familiares, que me acolheram com muito carinho e tenho aprendido muito com todos eles, e essa é uma experiência muito importante pra mim. Eu acredito assim que a história tem mais valor que a própria fotografia.
Agradeço muito à escola de fotógrafos e a toda essa galera que me ajudam a ser, cada vez mais, essa pessoa que sou. Nada teria acontecido se não fossem meus amigos e os professores que me deram e que me dão a maior força para continuar a caçar esses sonhos, como se fossem pipas de um Neném.


Clique aqui e veja a galeria virtual com as fotos dos projetos dos alunos da turma de 2009.


Projetos documentais da turma da EFP 2009

Alunos da turma de 2009 na visita do fotógrafo Mark Riboud à EFP, em março deste ano.


O ano de 2009 marca o desenvolvimento da 3ª turma a ser formada pela Escola de Fotógrafos Populares da Maré. Durante todo esse ano, os alunos da EFP aprenderam mais do que técnicas fotográficas, eles foram estimulados a desenvolver um olhar crítico sobre as comunidades onde moram, valorizar a história, a cultura, extrapolando a produção de imagens e aliando a fotografia aos direitos humanos.


Começaremos a partir de hoje a postar os perfis dos alunos que estão concluindo o curso e o projeto documental produzido por cada um deles durante o ano.









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